
A Companhia Ambiental de São Paulo (Cetesb) interditou a área onde o material foi encontrado, o município foi multado em R$ 82 mil e uma investigação está em andamento para se descobrir a procedência dos objetos. Casos como este escancaram dois problemas sérios: quão perigoso é o contato com metais pesados, como o mercúrio – que está presente nas nossas casas em termômetros, lâmpadas fluorescentes, pilhas e baterias de notebook e celular –, e o descaso do cidadão e do poder público com o descarte desse tipo de material.
Fernando Barbosa Jr., professor de toxicologia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da USP, alerta que o simples contato com uma lâmpada fluorescente ou com um termômetro, após a quebra, pode levar à inalação de vapor de mercúrio proveniente do material e, mesmo em baixas quantidades, causar febres, tremores, sonolência, náuseas, fraqueza muscular, delírios, reflexos lentos e dores de cabeça.
O contato direto do mercúrio com a pele e os olhos causa coceira e vermelhidão, como se fosse uma irritação alérgica. A ingestão pode provocar úlceras no estômago. E uma exposição mais duradoura interfere no metabolismo celular, resultando no mau funcionamento de rins, fígado, pulmão e cérebro.
O contato do mercúrio na pele é menos prejudicial do que inalar. “Se a inalação ocorrer com elevadas quantidades, ela pode ser fatal. Crianças são muito mais suscetíveis aos efeitos tóxicos”, diz Barbosa Jr. Elas são particularmente vulneráveis porque o mercúrio interfere no sistema neurológico, ainda em desenvolvimento em bebês e crianças. A exposição ao vapor do metal nesta fase da vida pode reduzir as capacidades cognitivas, de memorização, atenção, aquisição de linguagem, habilidades motoras e noção de espaço.
O que fazer
Quando uma lâmpada ou termômetro contendo mercúrio é quebrado, a primeira atitude é isolar a área, fechar portas e janelas e usar um equipamento mínimo: máscara cirúrgica descartável e luva reforçada para que não haja o risco de contato. Como o mercúrio aparece no estado líquido em temperatura ambiente, o ideal é recolher o metal com uma seringa sem agulha e colocá-lo em um recipiente plástico contendo água; a água reduz a possibilidade da evaporação. A área afetada pelo objeto tem de ser descontaminada com uma mistura de água sanitária e água. Após a limpeza, deve-se abrir novamente portas e janelas para ventilar o ambiente.
O recipiente com o mercúrio tem de ser bem vedado com fita adesiva e entregue a um dos locais que fazem o descarte correto. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomenda depositar o material nos pontos que recebem pilhas, baterias e lâmpadas fluorescentes (veja a lista abaixo), já que as empresas que fazem o recolhimento são especializadas em separar e reciclar metais tóxicos.
Em 2008, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) editou a Resolução 401/08, responsabilizando os produtores sobre o descarte correto de objetos que contêm mercúrio, porém somente para pilhas e baterias em geral. Em agosto deste ano, a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS) foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O documento cria a logística reversa, obrigando fabricantes, importadores, distribuidores e vendedores a recolher certos produtos, após o uso pelo consumidor final. O programa prevê o recolhimento de pilhas, baterias e lâmpadas fluorescentes. A regulamentação da logística reversa deve se apresentada até o final de novembro. A partir de sua publicação, as empresas têm até 2014 para se adaptar à nova lei. Enquanto o processo segue seu curso, já é possível descartar corretamente em razão de algumas iniciativas.
O descarte correto
Antes mesmo de a PNRS ser aprovada, algumas lojas, supermercados e drogarias já recolhiam o material residencial com mercúrio, realizando a logística reversa. Alguns sites especializados ainda reúnem listas com endereços para se fazer o descarte correto.
Pilhas e baterias
Banco Real
Lâmpadas fluorescentes
Philips - Tel.: (11) 2121-0203 (Grande São Paulo)/ Tel.: 0800-701-0203 (demais cidades)
Termômetros
Não há um procedimento oficial para o descarte correto do termômetro com mercúrio, mas, de acordo com o Disque Intoxicação, da Anvisa, é possível depositar o termômetro em sua embalagem plástica nos locais para descarte de pilhas, baterias e lâmpadas fluorescentes, pois as empresas que fazem o recolhimento destes objetos são especializadas em separar e reciclar metais tóxicos.
Saiba mais onde o mercúrio é usado:
> Termômetros
> Lâmpadas fluorescentes
> Barômetros
> Baterias
> Amálgamas dentários
> Laboratórios médicos e hospitalares
> Indústria
> Mineração
O que pode ocorrer com quem fica exposto ao mercúrio:
> Febre
> Tremores
> Sonolência
> Delírios
> Fraqueza Muscular
> Náuseas
> Cefaléia
> Reflexos Lentos
> Memória falha
> Mau funcionamento dos rins, fígado, pulmão e sistema nervoso
Fonte: http://www.akatu.org.br/central/noticias/2010/saiba-como-descartar-objetos-que-tem-mercurio